segunda-feira, 25 de abril de 2011

ESPAÇO VIVO 02

ATITUDE CRÍTICA
Simone Tourinho
Professora de Educação Física  

Liberdade    “A minha liberdade vai até aonde começa a do outro”

“(...) no lugar das incontáveis liberdades reconhecidas e adquiridas, a burguesia implantou a liberdade única e sem caráter do mercado” (Max e Engels, 1998, p. 13).

Historicamente, da relação do indivíduo humano com a totalidade, são várias as concepções que definem liberdade. Na Idade Média, por exemplo, a liberdade estava relacionada à fé, em respeitar as ordens do criador de tudo, portanto, Deus. Com o fim do feudalismo e a ascensão da burguesia, implementando a economia capitalista e a apropriação dos meios de produção por poucos, liberdade torna-se algo individual, sendo a propriedade privada e os meios de produção seu direito.
“Agir livremente sem interferir na liberdade do outro”, ou seja, respeitar os limites da propriedade privada do outro.  A pergunta é: em uma sociedade capitalista, a quem serve este conceito de liberdade que surge na Revolução Francesa e impera até os dias atuais? Aos proprietários dos meios de produção, das terras, dos prédios, das grandes multinacionais, do dinheiro, claro! Por que isso?
Vivemos em uma sociedade de classes, opressores e oprimidos, em que os opressores, os proprietários dos meios de produção, exploram a força do trabalhador. Ao analisar o trabalho como um processo que diferencia o homem dos outros animais, que torna o homem um Ser social e com relações geradoras de consciência, percebe-se que este processo é interrompido em uma sociedade de classes, na qual o dono da riqueza transforma o trabalhador em objeto.
A liberdade no capitalismo expressa, portanto, um caráter ideológico de classe. É livre nesta sociedade aquele que detém os meios de explorar e dominar a classe trabalhadora. Neste contexto, os trabalhadores (objetos) só conquistam certas liberdades através da luta organizada na sociedade.
“(...) para os trabalhadores, a conquista da liberdade depende da emancipação do trabalho alienado, através da socialização dos meios de produção e da subordinação da economia aos interesses humanos, o que implica na superação do mercado e da lógica da concorrência como elementos reguladores da vida em sociedade” (ANDRIOLI, 2005).
 Neste sentido, estou convencida de que não existe liberdade no capitalismo, pois a liberdade que este sistema diz garantir é para poucos, na lógica de que cada um deve correr atrás de sua liberdade. Não considera as construções coletivas e, portanto não considera a emancipação humana.
Termino com um escrito de Gramsci...
“Uma nova ordem social supõe a convicção de que a liberdade para todos é a única garantia das liberdades individuais, opondo ao vago conceito de liberdade de pensamento da sociedade burguesa, uma nova noção de liberdade, construída a partir de um novo modo de ser e de pensar gerados pelo espírito de iniciativa, pela solidariedade e respeito” (GRAMSCI, 1975, P. 186).

Referências Bibliográficas

ANDRIOLI, Antônio Inácio. A ideologia da “liberdade” liberal. Revista Espaço Acadêmico – nº. 53 – Outubro de 2005 – Mensal – ISSN 1519.6186 Ano V.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. [tradução Maria Lucia Como] – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
SCHLESENER, Anita Helena. A crítica de Gramsci à teoria das elites: Pareto, Mosca e Michels e a democracia burguesa.  in: 
www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_arquivos/arquivos/comunicações/gt1/sessao4/Anita_Shlesener.pdf, 2007.

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