quarta-feira, 27 de julho de 2011

Copa do Mundo e Olimpíada: investimento público, lucro privado

Fernando Vives (carta capital)26 de julho de 2011 às 10:42h Veja a íntegra da entrevista do geógrafo norte-americano Christopher Gaffney, especialista no legado urbano de grandes eventos esportivos, publicado na edição desta semana de CartaCapital (veja online aqui).
Nesta conversa,Gaffney critica a organização da Copa do Mundo 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 pelas entidades brasileiras responsáveis. “O planejamento urbano está sendo dirigido pelos grandes eventos e não usando os grandes eventos para melhorar as cidades. É uma oportunidade única de usar um investimento federal imenso mas que está sendo mal pensado e mal usado”, afirma.

CartaCapital:
Quando começou a estudar o impacto urbano da Copa do Mundo?
Christopher Gaffney: Eu comecei a pensar nisso quando vi que construírem 20 estádios para a Copa do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e no Japão. A utilidade deles hoje é quase zero. No Japão, apenas dois dos dez estádios estão sendo utilizados regularmente. O futebol lá segue ainda com muito menos público que o beisebol. E foram construídos em uma época de crise econômica asiática. Isso marcou uma nova fase da Fifa, para trazer a Copa para novas fronteiras e acelerar o processo de lucro da entidade. Começou-se a usar os grandes eventos esportivos financiados com dinheiro público para lucros privados: o governo assume o risco e os patrocinadores é que vão receber os benefícios. Aí estudei todas as copas e olimpíadas, pesquisei a história dos dois eventos.
CC: Os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, são considerados um marco nos lucros da cidade-sede, não?
CG: Exatamente. Em 1984 só tinha uma cidade candidata a sediar os jogos, porque até então era certeza que a cidade só perderia dinheiro com o evento. Em Los Angeles, não se usou dinheiro público e não se construiu nada, foram empreendimentos públicos usados com patrocinadores privados. Deu um lucro tremendo. Já em 1988, em Seul, a coisa mais marcante foi que não houve muitas mudanças de infra-estrutura urbana, mas o marketing subsidiado pelo governo para Hyundai, Daewoo lançarem-se mundialmente. E houve forte relutância de estudantes contra o governo (que havia deixado de ser uma ditadura militar em 1987). Nos anos anteriores, a ditadura usava a organização da olimpíada para reprimir o movimento estudantil em nome da segurança pública. Esse papel de transformação da olimpíada que tem hoje foi cada vez mais marcante para a cidade desde 1984, culminando com a transformação da cidade de Barcelona com os Jogos de 1992.
CC: Barcelona é considerado o exemplo mais bem sucedido de adequação da através dos Jogos Olímpicos. É um exemplo a ser seguido?
CG: Depende do critério. A olimpíada ajudou a cidade a se transformar num dos principais centros turísticos do mundo, com 55 milhões de visitantes por ano. E era uma cidade pequena, em 1992 tinha 1 milhão de habitantes, o que facilita a transformação. Mas é preciso lembrar que Barcelona tinha um plano diretor desde o início dos anos 1980 e a olimpíada fez parte dessa transformação de 20 anos. Os jogos foram pensados como parte do processo, mas não foram o fator determinante para essa transformação.
CC: Então Barcelona melhorou mas não foi só por causa dos jogos, mas sim por conta do plano diretor que envolvia a olimpíada para melhorar a cidade.
CG: Exatamente. Mas tem o outro lado: com a olimpíada, o aluguel explodiu na região central da cidade e expulsou as classes mais baixas, recém-imigrantes e população estudantil. Mudou a cultura da cidade. Quem pode viver no centro da cidade é classe média alta e alta, gente que tem lá casa de veraneio. Isso mudou para sempre a cultura da cidade. O (geógrafo britânico) David Harvey declarou que gostava muito da Barcelona de 1991, mas que já não reconhecia a cidade em 1993. Ela perdeu sua essência histórica. Hoje é menos para ser vivida e mais para ser apreciada, fotografada.
CC: O senhor acompanhou a preparação para os Jogos Panamericanos de 2007 no Rio de Janeiro. Como avalia o legado que ficou para a cidade?
CG: O Comitê Organizador para a Copa e para os Jogos Olímpicos diz que não houve nenhum legado urbanístico do Pan. O legado maior foi que essas mesmas pessoas que organizaram o Pan se credenciaram para sediar a Olimpíada. Só que a preparação para o Pan foi uma desorganização total, houve fortes indícios de superfaturamento e tudo foi orçado em 400 milhões e no fim acabou custando 4 bilhões de reais. Dez vez mais e sem legado, portanto. A vila do Pan (onde os atletas se hospedaram) tem uma taxa de ocupação de 35% agora. Fizeram dois leilões para vender apartamentos. Não conseguiram. O (centro de natação) Maria Lenk não é adequado para os Jogos Olímpicos, a Arena HSBC arena é só usada para shows grandes e no estádio do Engenhão toda hora falta luz. O estádio era pra ter custado 120 milhões de reais, e custou 430 milhões. Desorganização, falta de transparência.
CC: Em São Paulo, o Corinthians e a Odebrecht, construtora responsável por erguer o Itaquerão, receberam isenção fiscal para erguer o estádio porque ele traria benesses para a Zona Leste, região mais pobre da cidade. Faz sentido esse argumento?
CG: Não conheço nenhum caso em que isso tenha ocorrido. Conheço um caso em Baltmore (EUA) em que algo parecido talvez tenha ocorrido, mas o fato é que a maioria das pessoas não querem morar perto de um estádio. Significa que por volta de 60 vezes por ano há 40 mil pessoas chegando e fazendo barulho, às vezes com confusão. O comércio no entorno do Engenhão, por exemplo, segue igual, não houve melhoria nas ruas nem na vida das pessoas. Não existem exemplos, muito menos no Brasil, de estádio que traz benefícios para o entorno. A cultura de ir ao estádio, sobretudo a brasileira, é o cara que quer ir de carro, pará-lo dentro do estádio e depois ir embora após o jogo. Não existe essa coisa de o sujeito que passa o dia na região fazendo compras pra só depois ver a partida. Qual exatamente seria a vantagem de se abrir, por exemplo, um bar ou restaurante em volta do Engenhão se a possibilidade de lucro só ocorre 60 dias por ano? A lógica econômica dessa afirmação simplesmente não existe. Na maior parte do tempo o estádio está fechado.
CC: Sobre a Copa do Mundo 2014, é possível fazer uma comparação entre ela a a da África do Sul, que são países com economia e sociedade em níveis similares. Pelo que você viu na África, foi uma boa experiência?
CG: Pesando na balança, vou dizer que sim. Foi boa culturalmente para os sul-africanos, para reconhecer suas diferenças, para quebrar um pouco as barragens sociais que ainda são muito fortes por lá. Houve melhorias de transporte em Joanesburgo, por exemplo. Mas a dívida sul-africana com as obras do Mundial eram de 4 bilhões de dólares para sediar a Copa, a mesma quantia que a Fifa anunciou como lucro. Foi uma transferência direta de dinheiro público sul-african o para a Fifa. E nove dos dez estádios não estão sendo utilizados. O de Bloemfontein é o único regularmente utilizado por um clube.
CC: Então acabou sendo para a África do Sul porque passou uma mensagem para o mundo diferente daquela do apartheid, historicamente associado ao país. Mas financeiramente foi ruim.
CG: Exato. Abriu uma nova perspectiva para o país, mas são números bem significativos, gastou-se muito para um país que tem tanta carência que foi transferido para uma empresa privada como é a Fifa. Se você gasta 4 bilhões de dólares, deveria ter 8 bilhões de lucro.
CC: E como vê a organização da Copa do Mundo pelo Brasil?
São cinco ou seis pessoas comandando, e todos são ligados diretamente ao Ricardo Teixeira. A filha dele (Joana Havelange) é secretária geral do comitê. E é a primeira vez da história da Copa do Mundo que o presidente da federação nacional é também o presidente do comitê organizador local. E a estrutura permite que ninguém assuma responsabilidades: quando há um problema, o COL joga para o Ministério do Esporte, que pode jogar para a Infraero, que joga para a CBF, que diz que não tem nada com isso porque diz que os contratos são com as cidades, que pode jogar para o Estado, que pode jogar para a CBF. Não existe uma estrutura centralizada da Copa. E se você procura informações sobre a organização na internet, você chega só nas páginas da Fifa. Não há informações. E depois, quando apertar, a responsabilidade vai cair no colo do governo federal, como houve no Pan e na Olimpíada. Quando foi o Rio foi eleita a cidade-sede dos Jogos de 2016, Lula assinou um cheque em branco de 29 bilhões de reais ao assinar o contrato com o COI. Na hora do aperto, o poder público vai ter que arcar com os custos.
CC: E a seleção das cidades-sede? Há cidades como Natal e Cuiabá que nem têm como absorver o uso dos estádios que estão construindo…
CG: Cuiabá, Manaus, Brasília, Natal e Fortaleza. Em Recife, os três clubes têm seus estádios, não vão querer jogar em São Lourenço da Mata (cidade-satélite de Recife, onde está sendo construída a nova arena). O que há são jogos políticos, o Lula queria dar presentes para alguns políticos, como, por exemplo, o Blairo Maggi no Mato Grosso. Com o pretexto de aumentar o turismo no Pantanal, fazem um estádio para 40 mil pessoas em Cuiabá com uma nova linha de monotrilho urbano. É um investimento absurdo. E lembrando que estamos derrubando estádios que poderiam ser reformados.
CC: Você vê algo de bom na organização da Copa no Brasil?
CG: Estou vendo como uma oportunidade perdida. Um dos grandes problemas é o que vai ser entregue como transporte nas cidades. Em vez de entregar uma coisa faraônica como o trem bala, por que não estamos pensando para a Copa sobre o que o Brasil vai precisar daqui a 50 anos em termos de transporte público? Por que não construir uma malha ferroviária nacional em vez de ligar Campinas ao Rio de Janeiro com trem bala? O mesmo dinheiro pode ligar boa parte do Brasil com ferrovia convencional. Mas estamos tentando construir aeroportos para atender a demanda de 2014 no lugar de preparar as demandas de 2050. É tudo pensado a curto prazo. O planejamento urbano está sendo dirigido pelos grandes eventos e não usando os grandes eventos para melhorar as cidades. É uma oportunidade única de usar um investimento federal imenso mas que está sendo mal pensado e mal usado.
CC: E as Olimpíadas do Rio em 2016 estão no mesmo caminho?
CG: Absolutamente. Se você ver o mapa da região metropolitana do Rio e comparar com o mapa olímpico você vai ver que este último atinge só um pedacinho da região metropolitana: a Barra da Tijuca. E todo o sistema de transporte pensado está em um raio de cinco quilômetros de lá. Estamos privilegiando uma zona da cidade já privilegiada, estimulando ainda um aumento histórico da especulação imobiliária. De quem são os interesses por trás disso? O (prefeito) Eduardo Paes foi subprefeito da Barra e todos os interesses econômicos da reigão estão por trás dele. Faz parte do jogo político, inclusive da Copa. Todo megaevento traz especulação imobiliária. E no Rio de Janeiro, a Copa está sendo uma justificativa para retomar algumas partes da cidade que ficaram longes do poder público por muito tempo e tornar, por exemplo, a zona portuária, como uma espécie de Puerto Madero, em Buenos Aires, para se ter um padrão de consumo de classe internacional de turista que não pertence ao Rio de Janeiro.
CC: Então pode ocorrer no Rio de Janeiro o que houve em Barcelona?
CG: Com certeza. Estudantes e famílias de classe média baixa têm que ir para a Tijuca, São Cristovão ou Niterói, onde não existe melhoria de transporte com as Olimpíadas. Na teoria, a ideia de se sediar os Jogos é de se laçar uma malha de transporte por toda a cidade, mas na prática está isolando comunidades e cortando a cidade em pedaços talvez para sempre. Há três linhas de Bus Rapid Transit (que, aliás, foi pensada para os anos 80 e o Rio a usa atualmente). Elas saem do Galeão, Santa Cruz e Teodoro, todas em direção à Barra. É onde menos precisaria. Nenhuma linha vai para o Centro, ou Niteroi, ou Baixada Fluminense. Os fluxos atuais de tráfego não estão sendo atendidos pelas novas linhas que estão sendo criadas.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

#FORARICARDOTEIXEIRA



Amigos ,amigas e pessoas não tão amigas assim, estou aderindo e convocando à adesão de TODOS(AS) para o MEGATWITTAÇO#FORARICARDOTEIXEIRA, iniciativa do jornalista Juca Kfouri, que vai rolar a partir da zero hora de quarta-feira, dia 27/07, e se estenderá por 24 horas, até à zero hora do dia 28/07.   


Juca provoca nosso protagonismo: 
"Vamos mostrar que o brasileiro está de olho no que o senhor Ricardo Teixeira está aprontando dentro e fora das quatro linhas na Confederação Brasileira de Futebol. Mais do que um movimento pela transparência administrativa nesta instituição, o que buscamos é fazer com que este assunto não seja, MAIS UMA VEZ, abafado por aqueles que tiram proveito da falta de informação de todos nós brasileiros".

 Como participar:


No Twitter:
Divulgando a hashtag #FORARICARDOTEIXEIRA
Convocando seus amigos para participar do MEGATWITTAÇO
Seguindo e divulgando os perfis @foraoficial e a fan page #FORARICARDOTEIXEIRA http://on.fb.me/qazU7r
Você foi convocado. Entre em campo com gente!

Acompanhe a contagem regressiva para o MEGATWITTAÇO #FORARICARDOTEIXEIRA através do link:
Participe. Divulgue. Contamos com você!

sábado, 23 de julho de 2011

MARCHA DA COPA DO POVO (RJ)

O pessoal do Rio de Janeiro está fazendo esta marcha, que acha de acontecer aqui em Brasília tb?????
Vamos se movimentar...


Você pensa que a Copa é nossa?

Os governos falam o tempo todo que a Copa e as Olimpíadas trarão benefícios para o Rio e para o Brasil. Mas benefícios pra quem? O custo de vida e o aluguel não param de aumentar, famílias são removidas das suas casas, ambulantes e camelôs, proibidos de trabalhar.

Mais: eles estão gastando dinheiro público nas obras e apresentaram uma lei para não prestar contas depois. Pra piorar, a Fifa, a CBF e o seu presidente, Ricardo Teixeira, organizadores da Copa, sofrem várias denúncias de corrupção.

Tudo indica que com a Copa e as Olimpíadas vamos repetir em escala muito maior a história do Pan-americano de 2007: desvio de dinheiro público, obras grandiosas, mas inúteis depois das competições, benefícios só para os empresários amigos do poder e violação dos direitos de milhares de brasileiros.

As remoções de famílias atingidas pelas obras estão acontecendo de forma arbitrária e violenta. Essa situação já foi denunciada inclusive pelas Nações Unidas. Os jogos estão sendo utilizados como desculpa para instalar um verdadeiro Estado de Exceção, com violação sistemática dos direitos e das leis.

Deste jeito, qual será o legado dos megaeventos? A privatização da cidade, da saúde e da educação? A elitização do futebol e dos estádios? O lucro e os benefícios com isenções e empréstimos subsidiados com o nosso dinheiro para empreiteiras? O lucro da copa é dos empresários, mas a dívida é nossa. Vamos permitir que as histórias da Grécia e da África do Sul se repitam?

Junte- se a nós! Vamos juntos mudar este resultado, venha lutar.

Venha bater uma bola com a gente no Largo do Machado, dia 30 de julho a partir das 10h.

Remoção zero!
Cidade não é mercadoria!
Não a privatização das terras e recursos públicos, dos aeroportos, da educação e da saúde.

Comitê Popular Rio da Copa e das Olimpíadas

sexta-feira, 22 de julho de 2011

LEITURA OBRIGATÓRIA


DISSERTAÇÃO: O CONFEF E A COOPTAÇÃO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Acaba de ser defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação da 
Universidade Federal Fluminense (UFF) a dissertação de mestrado intitulada 
"Sistema CONFEF/CREFs e as novas estratégias de cooptação dos 
trabalhadores da Educação Física" sob a autoria do professor Lionel Rodrigues.

O estudo apresenta uma análise da gestação de um novo movimento estudantil
na educação física, instituído pelo Sistema CONFEF denominado de Crefinhos 
e sua entidade agregadora, na forma de confederação, a Ceef-Br. 
Como aprofundamento da análise, a dissertação verifica razões para a formação 
de um movimento estudantil paralelo ao histórico movimento estudantil de 
educação física – MEEF – e sua executiva – ExNEEF.

O trabalho perpassa a reconfiguração do papel do Estado na economia, a partir 
da crise do capital dos anos setenta e suas consequências no sistema educacional. 
Em seguida, analisa a reestruturação educacional e suas consequências nas 
diretrizes curriculares de educação física. Resgata o histórico do MEEF e 
também do MNCR, este enquanto uma consequência da militância trabalhista 
oriunda dos tempos estudantis. E por fim, foca a reflexão no contraditório e 
emergente movimento estudantil de educação física, originado dos quadros do 
Sistema CONFEF/CREFs e que tem como sua principal base as instituições privadas 
de ensino.

O texto vale-se da análise de diversos documentos, publicações oficiais e 
sites do Conselho, entrevistas semiestruturadas com integrantes e ex-integrantes 
desse movimento e conclui que por ser um braço estudantil do Sistema 
CONFEF/CREFs, esse movimento compreende uma ideologia e formação para o 
mercado, atuando no fenômeno das causas que afligem o trabalhador e o 
estudante de educação física, posição esta, diametralmente oposta ao 
entendimento do mundo do trabalho e sociedade por parte do MEEF, da EXNEEF 
e do MNCR.

Em breve disponibilizaremos o texto integralmente em nosso SITE.

fonte: 
http://mncref.blogspot.com/2011/07/dissertacao-o-confef-e-cooptacao-dos.html

quinta-feira, 21 de julho de 2011

OUTRA EDUCAÇÃO FÍSICA É NECESSÁRIA


PL RETIRA TRADIÇÕES CULTURAIS DO CONFEF

Dando continuidade à sua luta em defesa das
 tradições culturais, a deputada Alice Portugal 
apresentou nesta semana o PL 1371/2007, que 
retira do âmbito dos Conselhos de Educação 
Física, os profissionais de Dança, Capoeira, Artes 
Marciais, Ioga e Método Pilates, seus instrutores, 
professores e academias. A proposta resgata a luta 
iniciada com o PL 7370 que foi arquivado. A proposta 
de Alice estabelece que os profissionais de 
dança, artes marciais, pilates e ioga não estão na 
esfera de fiscalização do CONFEF/CREFS. A proposta 
enfrenta um poderoso lobby desde sua apresentação 
em 2002. Por isso "torna-se necessário e urgente o 
retorno da mobilização das entidades e dos profissionais ligados à dança, ioga, 
capoeira, artes marciais e pilates para que as vitórias até aqui alcançadas 
sejam mantidas", ressaltou Alice. 

O mundo em Desenho

A NOVA LOGO DA COPA

http://blogdocruz.blog.uol.com.br/images/loggooo.jpg

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Boletim (In)Formativo 34


Apresento abaixo, a programação do Grupo de Trabalho Temático (GTT) de Políticas Públicas do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE 2011). Logo no primeiro dia temos a apresentação de um trabalho realizado coletivamente e sistematizado por mim, pelo Daniel, pelo Juarez e pelo Liáo sobre a militância política no âmbito do esporte e lazer do Distrito Federal.
O CONBRACE será realizado na UFRGS, em Porto Alegre, nos dias 11 a 16 de setembro de 2011. Vale a pena ir... Maiores informações: www.conbrace.org.br

GTT 09 | POLÍTICAS PÚBLICAS

EMENTA

Estudos dos processos de formulação, adoção e avaliação das políticas públicas de Educação Física, Esporte e lazer. Estudos das concepções, princípios e metodologias de investigação adotados na consecução de políticas públicas, voltados para a apreensão da produção de bens e serviços públicos relativos à Educação Física, Esporte e Lazer.
Coordenador: Sávio Oliveira | Recife

PROGRAMAÇÃO | 36 Comunicações Orais | 08 Pôsteres

SEGUNDA | 12 SET
SESSÃO 1
14h00-14h30 – ABERTURA
Relatório da Coordenação
14h30-14h45
A INTERSETORIALIDADE NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE LAZER
Olívia Cristina Ferreira Ribeiro, Sílvia Cristina Franco Amaral
14h45-15h00
NOVO PARADIGMA DA GESTÃO PÚBLICA EM ESPORTE E LAZER: INTERSETORIALIDADE E DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA
Dirceu Santos Silva, Carlos Nazareno Ferreira Borges, Ana Carolina Godoi
15h00-15h15
A CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE MONITORAMENTO & AVALIAÇÃO PARA PROGRAMAS DO MINISTÉRIO DO ESPORTE
Eustáquia Salvadora Sousa, Daniel Marangon Duffles Teixeira, Maria Aparecida Dias Venâncio, Carla Andréa Ribeiro, Duval Magalhães Fernandes, Vânia de Fatima Noronha Alves
15h15-15h40 – DEBATE
15h50-16h05
DESCENTRALIZAÇÃO DE POLÍTICAS SOCIAIS: LIMITES PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO
Pedro Avalone Athayde, Fernando Mascarenhas
16h05-16h20
FÓRUM POPULAR E PERMANENTE DE ESPORTE E LAZER: A LUTA PELA HEGEMONIA E A PERSPECTIVA DA SOCIALIZAÇÃO DA POLÍTICA NO DF
Daniel Cantanhede Behmoiras, Roberto Liáo Junior, Juarez Oliveira Sampaio, Pedro Osmar Flores de Noronha Fiqueiredo
16h20-16h35
PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO DOS CONSELHOS ESTADUAIS DE ESPORTE NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL
Silvana Martins de Araújo, Carlos Augusto Fernandes, Kytania Regina Dominici, Ana Paula Vieira, Jonathas Carvalho Sousa, Antonio Silva Cunha Filho, Camila Fernanda Pereira, Iaci Costa Jara
16h35-17h00 – DEBATE
17h00-18h00 – APRESENTAÇÕES DE PÔSTERES
AS IMPLICAÇÕES DAS LEIS NA ATUAÇÃO DOS PROFESSORES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO INÍCIO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Cássia Maria Hess
CECOPAM: UM CENTRO DE COMUNIDADE NA CIDADE DE PORTO ALEGRE
Gilmar Tondin, Aline Paulo Frediani, Elise Andreis Segatti, Márcia Luiza L. de Araújo
DEMANDA E OFERTA DE ESPORTE E LAZER PARA A JUVENTUDE NO MUNICÍPIO DE NOVO HAMBURGO/RS
Gustavo Roese Sanfelice, Elenara Jahn, Victoria dos Anjos das Neves
ESPAÇOS PÚBLICOS DE ESPORTE E LAZER CONHECIDOS E UTILIZADOS PELOS JOVENS NA CIDADE DE SANTA MARIA, RS
Monica Possebon, Anye Freitas Ceretta, Hanna Sulzbach Santos
ESTATUTO DE DEFESA DO TORCEDOR (CONSUMIDOR) UM NOVO DISPOSITIVO POLÍTICO E LEGAL NA ERA DO ESPORTE ESPETÁCULO
Mariângela Ribeiro dos Santos, Fernando Mascarenhas
JUSTIFICATIVAS DAS AÇÕES DE PROJETOS SOCIAIS DE ESPORTE E LAZER: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Isaias Ferreira Tavares, Luciano Flávio da Silva Leonidio, Átila Carvalho de Medeiros, Haroldo Bezerra de Almeida, Ariadne Lívia Moraes
PROBLEMATIZANDO A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Daniela Llopard Castro
REFLEXÕES SOBRE A 3ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE ESPORTE
Karl Natã A. A. Guedes, Mara Gueller Lins, Marcelo Walter Antonio, Robson Geovane Miguel, Josiney Dangui, Fernando Augusto Starepravo

TERÇA | 13 SET
SESSÃO 2
09h00-12h00
Mesa: Esporte e lazer na agenda pública nacional: reconhecendo os atores envolvidos e analisando os interesses atendidos
(Programação conjunta dos GTTs Políticas Públicas e Movimentos Sociais)
Pretende-se realizar um balanço da política nacional de esporte e lazer e respectivos programas governamentais nos últimos 15 anos (incluindo os primeiros meses do novo governo), refletindo mais detidamente sobre os processos de construção das diretrizes e ações e suas relações com as demandas e movimentos sociais.
Convidados:
Dr. Lino Castelani Filho – UNICAMP
Drª Lucilia Matos – UFPA
Representante do Ministério do Esporte
SESSÃO 3
14h00-14h15
A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DA CIDADE NO PROCESSO DE LEGITIMAÇÃO DO LAZER COMO TEMA DE POLÍTICA PÚBLICA
Juliana Cristina Barandão
14h15-14h30
OS ESPORTES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: SUAS POSSIBILIDADES, TESSITURAS, OPERAÇÕES
Rose Méri Santos da Silva, Méri Rosane Silva
14h30-14h45
PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER: REGULARIDADES E TENDÊNCIAS NA ÁREA
Fernando Augusto Starepravo, Juliano de Souza, Wanderley Marchi Junior
14h45-15h10 – DEBATE
15h25-15h40
INVESTIGANDO A OCUPAÇÃO DAS "TRIBOS" NOS ESPAÇOS DE LAZER DA ORLA DE ATALAIA EM ARACAJU/SE
Paula Aragão, Luciana Carolline Pina Garcia
15h40-15h55
FORMANDO JOGADORES DE FUTEBOL: O IMPACTO DO TEMPO DE TREINAMENTO NA FORMAÇÃO ESCOLAR DE JOVENS ESPANHÓIS E BRASILEIROS
Tiago Lisboa Bartholo, José Maria Yagüe Cabezón, Leonardo Bernardes Silva de Melo, Antonio Jorge Gonçalves Soares
15h55-16h10
POLÍTICAS DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA ENTRE JOVENS TORCEDORES DE FUTEBOL: UM CAMINHO POSSÍVEL?
Anelise Lopes Rodrigues, Jorge Castellá Sarriera
16h10-16h35 – DEBATE
16h50-17h05
TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS, ESTADO E POLÍTICAS SOCIAIS: APONTAMENTOS SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER NO BRASIL
Wilson Luiz Lino de Sousa
17h05-17h20
LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE (11.438/2006), ESTADO E DEMOCRACIA: REFLEXÕES SOBRE A SOCIEDADE DE CLASSES
Erico Costa Bernardo, Cristiane de Sousa Silva, Alyne Moreira Morais
17h20-17h35
OS INTELECTUAIS ORGÂNICOS E SEU PAPEL NA CONSOLIDAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE LAZER NA PERSPECTIVA DE DIREITO SOCIAL
Keni Vazzoler Areias, Carlos Ferreira Borges
17h35-18h00 – DEBATE

QUINTA | 15
SESSÃO 4
09h00-09h15
AS CONFERÊNCIAS NACIONAIS DO ESPORTE NA CONFIGURAÇÃO DA POLÍTICA ESPORTIVA E DE LAZER DO GOVERNO LULA (2003-2010)
Lia Polegato Castelan
09h15-09h30
CONFERÊNCIA NACIONAL DO ESPORTE – 2004: PROPOSTAS X AÇÕES PARA O ESPORTE EDUCACIONAL NA BAHIA
Nivea de Santana Cerqueira, Neuber Leite Costa
09h30-09h45
A PSEUDOPARTICIPAÇÃO NAS POLÍTICAS DE CONFERÊNCIA DE ESPORTE E LAZER: O ESPORTE ESCOLAR NA PERSPECTIVA DE ALTO RENDIMENTO
Saulo Rafael Silva
09h45-10h00
SISTEMA NACIONAL DE ESPORTE E LAZER: UM ESTUDO DOS RECURSOS HUMANOS NA BAIXADA MARANHENSE
Silvana Martins de Araújo, Kytania Regina Dominici, Maria Socorro Carvalho, Marileide Moura Silva
10h00-10h30 – DEBATE
10h45-11h00
ESPAÇO PÚBLICO, LAZER E SOCIABILIDADE: DESAFIOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA CIDADE DE CATU-BA
Narla Caroline de Araújo Conceição, Luiz Rocha
11h00-11h15
DESPORTO E LAZER PÚBLICOS: CENÁRIO DO VALE DO TAQUARI/RS
Derli Juliano Neuenfeldt, Lauro Inácio Ely, Beatris Francisca Chemin
11h15-11h30
DIMENSÕES ARTÍSTICO-CULTURAIS: INTERFACES ENTRE DANÇA, LAZER E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BREJO PARAIBANO
Elaine Melo Lemos, Suzanne Barros Damião, Samara trajano Feitosa
11h30-12h00 – DEBATE
SESSÃO 5
14h00-14h15
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO FINAL DA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI: PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – PARFOR NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
Jorge Luis D'Avila
14h15-14h30
AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE LAZER E A IMPLEMENTAÇÃO DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: O QUE DIZ A LITERATURA?
Celia Maria Sampaio de Carvalho Carneiro
14h30-14h45
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA FORMAÇÃO CIDADÃ
Ana Carolina Godoi da Silveira, Marcel Ivan
14h45-15h00
A EDUCAÇÃO FÍSICA FRENTE AOS "CAMPOS DE LUTA" DA MICROPOLÍTICA DA ESCOLA: POLITICAS EDUCACIONAIS E DE GESTÃO NA PERSPECTIVA DOS DOCENTES
Rodrigo Alberto Lopes, Rosane Kreusburg Molina, Roberta Luciana Santos
15h00-15h30 – DEBATE
15h45-16h00
NOTAS SOBRE AS ATIVIDADES FÍSICAS PARA IDOSO DA SECRETARIA DE ESPORTE E LAZER DA CIDADE DE CURITIBA
Rosecler Vendruscolo
16h00-16h15
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O IDOSO NO MUNICÍPIO DE CASTANHAL
Patrícia Menezes dos Santos, Bruna Oliveira Lopes
16h15-16h30
POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: EDUCANDO PARA A EQUIDADE DE GÊNERO NO ESPORTE E NO LAZER
Silvana Vilodre Goellner
16h30-16h45
RELAÇÕES DE GÊNERO NOS PROJETOS SOCIAIS DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE ESPORTES DE FLORIANÓPOLIS
Julia Mara Pegoraro Silvestrin, Talita Affonso Gaspar, Taise Maurici Nunes
16h45-17h15 – DEBATE
17h20-18h00
Avaliação do GTT 2009-2011; Definições para o mandato 2001-2013 (Levantamento de prioridades; Eleição do Comitê Científico e da Coordenação).

SEXTA | 16 SET
SESSÃO 6
09h00-09h15

POLÍTICAS PÚBLICAS, LAZER E CULTURA NA ZONA RURAL DA PARAÍBA
Elaine Melo de Brito Costa Lemos, Samara Trajano Feitosa, Suzanne Barros de Souza Damião
09h15-09h30
PROJETO ORLA: ANÁLISE DOS EQUIPAMENTOS DE ESPORTE E LAZER DA PRAIA DE ATALAIA EM ARACAJU/SE
Diego Sousa Mendes, Sérgio Dorenski, Cristiano Mezzaroba, Aliomar de Carvalho Santos, Paula Aragão, Luciana Carolline Pina Garcia, Tamires Santos Oliveira, Silvan Menezes dos Santos
09h30-09h45
TRABALHO VOLUNTÁRIO DO PROGRAMA ESCOLA ABERTA DE NOVO HAMBURGO/RS.
Leandro Forell, Marco Paulo Stigger
09h45-10h10 – DEBATE
10h20-10h35
ENTRE O DIREITO AO ESPORTE E O ESPORTE SOCIAL: REFLEXÕES ACERCA DA ASCENSÃO DOS "PROJETOS ESPORTIVOS SOCIAIS" NA CONTEMPORANEIDADE
Juliano Silveira
10h35-10h50
PROLIFERAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS: SOBRE MANEIRAS DE PENSAR E ESCREVER
Luiz Felipe Alcantara Hecktheuer, Arisson Vinícius Landgraf Gonçalves, Evandro dos Santos Nunes, Everson Amaral, Fernanda Ramires da Silva, Leani Silveira, Pedro Bersch Cruz
10h50-11h10
DISSEMINAÇÃO, DISCURSOS E OBJETIVOS DE PROJETOS ESPORTIVOS SOCIAIS DO TERCEIRO SETOR: IMPLICAÇÕES NA GESTÃO DO ESPORTE E LAZER
Luciano Leonídio, Vilde Menezes, Carlos Pedroso, Thiago Seixas
11h05-11h30 – DEBATE
11h40-12h10
Avaliação do GTT no Conbrace. Posse do Comitê e Coordenação. Transição com a Coordenação Nacional de GTT's.

domingo, 17 de julho de 2011

ESPAÇO VIVO 08


A Copa do Mundo e os interesses da população (Caros Amigos)

Por Fernando Paganatto e Mateus Novaes
 

Desde o anúncio da cidade de São Paulo para um a das sedes da Copa do Mundo e a consequente escolha do futuro estádio do Corinthians, no bairro de Itaquera, como um dos palcos dos jogos do mundial, vivemos um furor com a perspectiva de assistirmos a este grande evento, enfim realizado em nossa terra após 64 anos distante do país do futebol e, ainda, com o sonho de valorização da cidade e uma melhora nas condições de vida com o legado que o campeonato deveria deixar.

Nós, como torcedores, também comemoramos a escolha do Brasil e nos alegramos com a possibilidade de participarmos de um evento desta importância. Porém, o que a história dos últimos mundiais demonstra, bem como as ações do Comitê Organizador Local (COL) e do poder público é que a Copa, ao invés de ser instrumento democrático de inclusão, como o futebol sempre foi, tem estado a serviço de outros interesses, como a especulação imobiliária, o mau uso do dinheiro público e o favorecimento de grandes empresas, como as empreiteiras e os patrocinadores do evento. Isso fica evidente quando atentamos para o fato de que o controle das obras e as decisões sobre a organização do mundial ficam somente sob o jugo da FIFA, COL/CBF e seus parceiros comerciais, excluindo a população do debate.
Com isso, participar deste mundial como espectador será privilégio para poucos. Os jogos amistosos da seleção brasileira utilizados como prévia para a Copa – contra a Holanda, no Serra Dourada (Goiânia), e contra a Romênia, no Pacaembu (São Paulo) – tiveram seus ingressos mais baratos vendidos, respectivamente, a R$ 150 e R$ 140 e os mais caros a R$ 800. Em um país onde metade da população vive com até um salário mínimo (R$ 545), representaria desembolsar ao menos 26% de sua renda mensal para assistir a um jogo no assento mais barato. E isso não é só para o mundial. Em levantamento feito pela ANT-SP, de acordo com a expectativa de lucros da diretoria corintiana, para que a obra do estádio seja comercialmente viável, os ingressos para os jogos do clube deverão sofrer uma variação de 96% em relação ao valor atualmente cobrado no Pacaembu, chegando a uma média de R$ 75,00, equivalente a 14% do salário mínimo.

Quando afirmamos que os interesses da população não estão sendo levados em consideração, estendemos este alerta para o que chamamos de “legado da Copa do Mundo”. O fato é que os investimentos em obras de infraestrutura, que vêm dentro do pacote para o evento, não estão sendo pensados para atenderem os atuais moradores das regiões dos estádios nas cidades-sede. Os bairros carentes escolhidos como locais de intervenção para o mundial, não os foram para trazer o desenvolvimento para uma população empobrecida e sim como um plano de valorização imobiliária das regiões. É o caso de Itaquera, onde as obras para a Copa do Mundo incluem novas vias de acesso e um inconsequente parque linear, para o qual estão previstas desapropriações de favelas, que há muito ocupam áreas de risco e jamais receberam a devida atenção do Estado, e a manutenção de condomínios de padrão mais elevado, contrastando com o tratamento voltado aos moradores mais vulneráveis.

Isso implica dizermos que a própria obra do estádio na região, como praça de eventos, segue a linha de transformar um bairro que hoje abriga uma população pobre, em uma região nobre, com imóveis mais caros, para um público de poder aquisitivo maior. Sendo assim, com a valorização imobiliária, além da população que será removida para dar espaço às obras de infraestrutura e lazer, haverá uma expulsão gradativa de moradores e comerciantes locais. Isso porque com o aumento do valor do metro quadrado, aumentam também aluguéis, impostos, valores de condomínio e, assim, todo o custo de vida que subirão para além das possibilidades dos atuais moradores da região. Estas pessoas serão levadas a mudar-se para bairros mais afastados e com menos assistência do poder público, que reflete na precariedade de transporte público, saneamento básico, emprego, hospitais, etc. Sendo assim, a população que antes vislumbrava uma melhora de vida com o legado da Copa, terá, na verdade, uma piora em suas condições através da ampliação da exclusão social.

Por conta desse cenário, vários grupos têm se mobilizado para resistir a este processo de ataque a direitos básicos do cidadão. É o caso dos comitês populares nas cidades-sede, que reúnem várias associações de moradores dos bairros atingidos e movimentos sociais pelo direito à moradia – incentivados a se formarem pela relatora especial para o direito à moradia das Nações Unidas, Raquel Rolnik – o Tribunal Popular da Terra, que acontecerá este ano e discutirá o uso da terra no Brasil e da ocupação do espaço urbano, e nós, da Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras, que não queremos ver o futebol como instrumento nem como desculpa para a violação de direitos humanos.

Alguns fatos corroboram nossa tese de aumento da exclusão a partir da expulsão da população vulnerável das regiões de interesse do mercado imobiliário para áreas mais afastadas. Assistimos nos últimos meses, em todo o país, ataques sistemáticos às populações carentes, como despejos sem planejamentos que visem a garantia dos direitos destas famílias. O caso do Rio de Janeiro é emblemático: moradores sendo removidos há 50 quilômetros de suas antigas moradias em zonas sem o mínimo de recursos do estado. Bem como, muitas famílias que hoje têm suas casas irregulares, têm sido desapropriadas sem o recebimento de qualquer indenização. Como se a favelização em bairros mais periféricos, escondendo-a de turistas e da classe média, resolvesse o problema.

Nós, da ANT, somos favoráveis à realização da Copa do Mundo no Brasil. Porém, que seja feita para atender aos anseios da população e não de uma minoria privilegiada. Portanto, entendemos que a participação do povo na fiscalização do uso do dinheiro público, na cobrança para que o Estado garanta a ética e o respeito aos brasileiros, e nas decisões sobre o futuro das obras, é fundamental. Se não nos posicionarmos firmemente, o lobby das grandes empresas e seus parceiros organizadores ficarão livres para atuarem unicamente em defesa de seus próprios interesses.

 

Mateus Novaes e Fernando Paganatto são membros da Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras – ANT e constroem o Tribunal Popular da Terra.
 
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sábado, 9 de julho de 2011

Boletim (In)Formativo 33

Educação e Marxismo

Neste post, publico mais uma revista on-line de extrema qualidade, em edição especial, com o tema "Educação e Marxismo". Aproveitem.


REVISTA HISTEDBR ON-LINE

Número Especial - abril 2011
Tema: Educação e Marxismohttp://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/41e/index.html


Sumário:


Mario Alighiero Manacorda

Dermeval Saviani

Nereide Saviani

Newton Duarte, Benedito de Jesus Pinheiro Ferreira, Julia Malanchen e Herrmann Vinicius de Oliveira Muller

Paulino José Orso

Maria de Fátima Rodrigues Pereira

Benedita de Almeida

Marijane Zanotto e Rosane Toebe Zen

José Luiz Zanella

Ivo Tonet

João Carlos da Silva

Renata de Almeida Vieira e Lizete Shizue Bomura Maciel

José Rodrigues e Ronaldo Rosas Reis

Maria de Fátima Felix Rosar

Ricardo Adriano de Andrade

Máuri de Carvalho

Carlos Bauer

Celi Nelza Zulke Taffarel

Carlos Lucena, Robson Luiz de França, Fabiane Santana Previtali, Antônio Bosco de Lima e Adriana Omena

Maria do Carmo Luiz Caldas Leite

Elianeide Nascimento Lima e Luiz Bezerra Neto

André Paulo Castanha

Elza Margarida de Mendonça Peixoto

José Claudinei Lombardi