segunda-feira, 3 de junho de 2013

Te cuida seu machista. A América Latina vai ser toda feminista.

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EU TAMBÉM SINTO CALOR

Veja bem, meu bem: alguma hora, você vai fazer uma opção e eu espero que ela seja a melhor pra você e para os seus.
Tem pessoas que escolhem viver em um mundo, onde peitos de fora, são considerados falta de civilidade, mesmo que o protesto seja em nome da defesa do nosso corpo, muitas vezes violentado, molestado, agredido. É um peito. É O MEU peito.
Tirar a roupa é um detalhe. É dizer que mesmo oprimida, tu tem a coragem, não só de mostrar os seios, mas de argumentar, de dizer que tua ideia não é chamar a atenção, virar sensação, se expôr a toa. Dizer que engolir choro não é mais fácil que tirar a blusa, mas que é o mais corriqueiro, porque a sociedade em que vivemos prefere o silêncio. Eu tenho mais medo de silêncio, que de crítica E TAMBÉM SINTO CALOR.
Somos várias de peito de fora do lado das que estão em silêncio, do lado das que estão gritando, do lado das que não tiram a blusa, do lado das mães, das lésbicas, das carecas, das negras, das desempregadas que levam a vida devagar pra não faltar amor, das já libertas, das ainda presas.
Eu sonho com um mundo onde os questionamentos não sejam mais: "mas, o que ele vai pensar?" Porque eu quero estar apaixonada por homens inteligentes, que não comparem um peito de fora a um corpo avulso. Amor é uma coisa deliciosa de sentir e se não é todo, não é necessário. Sabe aquilo de quem ama, ama todas as partes? Eu sonho ela "tenha peito", como eu.
Eu sonho com um mundo onde meu emprego seja mantido pelo meu trabalho, pela minha capacidade no desenvolvimento dele. E sonho, ah, eu sonho, que as pessoas sonhem. Se a gente pudesse balancear, para cada mulher de peito de fora, menos uma violência sexual, eu ia sair pelo meio da rua, pedindo por tudo o que há de mais sagrado, pra mais mulheres tirarem a roupa. Sonhando.
Quem tirou a foto foi a minha mãe. Conversando com ela, me vem: deixa eu fotografar? E eu sentei, com vergonha, claro. É minha intimidade. É muita coisa em jogo. É o resto da minha vida. MAS É MINHA LUTA. É MINHA DEFESA. E foi minha mãe, a mulher mais de luta que eu já conheci, quem fotografou. Hoje, quem mais me viu exposta, foi ela.
Te cuida seu machista. A América Latina vai ser toda feminista.

FONTE :http://www.flickr.com/photos/vbarbara/8931806779/

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