quinta-feira, 31 de julho de 2014

O que quer o Bom Senso FC da nova lei

 
POR BOM SENSO FC

O Governo está prestes a conceder um parcelamento de 25 anos para que os clubes tentem mais uma vez pagar as suas dívidas fiscais, estimadas em R$ 3 bilhões.
Sabemos que muitos clubes estão com a corda no pescoço—por assim dizer—e que sem este parcelamento não conseguirão sequer virar o ano.
Mas diante de tamanho desespero pela sua aprovação, o que será que os dirigentes dos clubes—principais beneficiários da lei—têm defendido como contrapartida?
E o que será que pensam a respeito da nossa proposta?
Vilson Ribeiro (presidente do Coritiba, chefe de delegação da Seleção durante a Copa e líder da comissão dos clubes junto à CBF), por exemplo, em um rompante de moralismo logo após a reunião, chegou a anunciar que:
“Eles (Bom Senso F.C.) têm uma ideia que nós entendemos tem de ser mais radical.”
Ora, estamos defendendo a criação de um órgão fiscalizador independente responsável exclusivamente por acompanhar as atividades financeiras dos clubes.
Exigimos prestação de contas trimestrais, em que o não cumprimento de critérios básicos de gestão impusesse sanções desportivas aos clubes com responsabilização pessoal dos dirigentes.
E Vilson nos diz que eles [presidentes de clube] têm uma proposta mais radical? Ora, qual seria esta proposta, Vilson?
“90% das propostas do Bom Senso está (sic) incluída nas propostas dos clubes”
Que ótima estatística!
Mas quais são estes 90%?
E, mais importante: quais são os outros 10%?
Até onde sabemos, os presidentes de clube têm defendido a aprovação imediata da lei como ela está. (Nos corrijam se estivermos enganados.)
No gráfico anexo, vocês poderão ver a diferença significativa.
O projeto pode ir à votação na próxima terça-feira (05/08), e esta será a nossa oportunidade de mudá-lo.
O Governo, os parlamentares e os clubes têm a faca e o queijo na mão para estabelecer transparência e boa gestão no nosso futebol.
Não podemos desperdiçar esta oportunidade.
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*Entendendo a tabela:
Contrato de Trabalho – Comprovação do pagamento dos contratos de trabalho com todos seus funcionários, incluindo CLT, direito de imagem e premiações.
Padronização dos demonstrativos financeiros – Divulgação das demonstrações financeiras padronizadas segundo um critério estabelecido nesta lei, aumentando a transparência de gestão.
Reavaliação endividamento – Contratação de auditoria independente para aferição do verdadeiro endividamento do clube.
Controle do déficit – Permissão, nos 2 primeiros meses, de 10% de déficit em relação a sua receita bruta. Nos 2 anos seguintes, 5%. A partir do quinto ano, não é permitido déficit no período.
Custo do futebol – Relação entre custos do departamento de futebol profissional e receita bruta nunca superior a 66% no período.
Apresentação da CND – Apresentação das certidões negativas de débito que comprovam estar em dia com suas obrigações
 
Fonte: No blog Juca Kfouri
 
 
Paulo André, do Bom Senso Futebol Clube diz porque é contra a lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte
 
Zagueiro afirma que dirigentes de clubes estão apressados na sua implantação, pois projeto exige apenas uma vez por ano apresentação da Certidão Negativa de Débito
 
Por
 
O zagueiro Paulo André, um dos líderes do movimento Bom Senso FC e que atualmente atua no Shangaï Shenhua, da China, usou uma rede social nesta segunda-feira (28) para explicar os motivos pelos quais é contra o atual modelo do projeto de lei de responsabilidade fiscal do esporte (LRFE), que propõe parcelar as dívidas dos clubes. Segundo ele, os dirigentes e a chamada "bancada da bola" só estão apressados na sua aprovação, pois a proposta exige apenas uma vez por ano a apresentação da Certidão Negativa de Débito (CND) como garantia total de uma gestão transparente no futebol nacional. O jogador também critica a possibilidade de ninguém ser punido por apropriação indébita, caso a medida seja implantada da forma que está. 
- No caso específico dos débitos de que trata a LRFE, se o Governo aceitar parcelar a dívida, os dirigentes que cometeram irregularidades não mais poderão ser acionados por crime de apropriação indébita. Traduzindo burramente, se alguém deve dinheiro ao banco e a entidade, sabendo da dificuldade do devedor em quitar a dívida, resolver parcelá-la, assunto encerrado. Basta a pessoa cumprir as condições propostas e o pagamento em dia que ninguém poderá acusá-la posteriormente. Dói só de pensar que mais de R$ 4 bilhões sumiram no futebol e nenhuma alma será punida, com exceção dos torcedores que são punidos diariamente por verem seus times capengando por aí.
Paulo André, china (Foto: Rodrigo Faber)Zagueiro Paulo André é contra a aprovação do atual modelo da LRFE (Foto: Rodrigo Faber)

Caso o Congresso Nacional e a Presidente Dilma, que representam o povo nesse debate, optarem por tomar o caminho de parcelar a dívida e consequentemente isentar os dirigentes pela infração, Paulo André espera que a decisão seja tomada com a plena garantia de que medidas severas e eficazes serão tomadas para punir os clubes e dirigentes infratores de forma direta, através de uma fiscalização rigorosa. Ele também pede para os cidadãos não acreditarem na promessa de alguns dirigentes que dizem lutar por uma punição mais dura que a do Bom Senso FC.
- Não caiam no papo do Sr. Vilson de Andrade, espertalhão, que diz que eles (dirigentes de clubes) defendem uma punição mais dura do que a que propõe o Bom Senso. “90% da proposta deles (jogadores) está incluída na dos clubes. Eles falam em perda de pontos, nós falamos em rebaixamento. Essa é a grande diferença”, disse, com gigantesca cara de pau, o atual presidente do Coritiba. Ele sabe que, do jeito que está, a LRFE não punirá ninguém. Dizer que há severidade em apresentar a CND uma vez por ano para garantir que os clubes que não pagarem em dia as parcelas do “financiamento” sejam rebaixados de divisão é coisa de quem está mal intencionado. E achar que isso é suficiente para moralizar o futebol brasileiro é uma ofensa à inteligência alheia. Há presidentes de clubes de futebol que agem como se estivessem acima do bem e do mal!
Secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Toninho Nascimento (Foto: Reprodução SporTV)Secretário Toninho Nascimento deseja rápida aprovação da LRFE (Foto: Reprodução SporTV)
Entre outros pontos defendidos pelo Bom Senso e ausentes na proposta dos clubes, o jogador cobra o controle do déficit; a garantia do cumprimento dos contratos de trabalho; o limite do custo futebol; a padronização das demonstrações financeiras; e a reavaliação do endividamento, sob pena de punição esportiva. Em resposta ao Secretário do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento, que deseja a rápida aprovação do projeto diante do risco de muitos clubes não chegarem ao fim do ano, Paulo André afirmou que vários clubes estão há muitos anos se apropriando do Imposto de Renda e INSS de atletas para contratar mais jogadores e aumentar suas dívidas à espera do “perdão” do Governo. Segundo ele, a presidente Dilma e Congresso Nacional têm uma ótima oportunidade para melhorar a gestão do futebol brasileiro através de uma gestão transparente, diminuindo assim as chances de corrupção
- É preciso restringir a possibilidade de erro, de corrupção e defender melhores práticas de gestão que refletirão diretamente na qualidade do produto final, dos clubes e do espetáculo do futebol brasileiro. A Presidente e o Congresso Nacional estão entre a cruz e a espada: Ou se apoiam numa possível benção do voto do torcedor apaixonado (desprovido de razão) e deixam passar tudo como está (inclusive via MP – um absurdo), ou se aproveitam da maior oportunidade de se reformar e de se modernizar o futebol brasileiro, optando por incluir as emendas levantadas pelo Bom Senso à LRFE para garantir de verdade uma gestão melhor e mais transparente no nosso futebol. Esta decisão deverá sair esta semana e nós acompanharemos de perto para saber quem está jogando para quem.

 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

SOBRE DUNGA por Zeca Baleiro

Concordo em gênero, número e grau
 
Sobre Dunga

 Tinha prometido a mim mesmo que ia deixar um pouco de lado a minha paixão pelo futebol depois do fiasco do Brasil na Copa. Prometi a mim evitar emit...ir opiniões, aceitar convites de programas de esporte, debater nas rodas com amigos etc. Prometi que me calaria sobre o assunto por um certo tempo. Que me concentraria no meu trabalho e em meus compromissos profissionais e familiares, tantos que são.
 
Mas a convocação de Dunga me indignou de tal maneira, revolveu o meu fígado, acelerou meu batimento cardíaco, despertou velhas raivas de um modo tal que me fez descumprir meu trato comigo. E cá estou eu para falar duas ou três coisas sobre o tema.
 
Futebol pra mim é coisa séria. Está, em grau de importância, perfilado na minha galeria de interesses com a música, a literatura, a política, a religião e outras coisas maiúsculas. Ultrapassa o escopo do esporte, invade o da cultura. Futebol é cultura - é poesia, filosofia e sociologia, tudo junto. É arte, espetáculo. Pode ser trágico como uma ópera ou risível como uma chanchada. Como uma guerra, pode redimir um povo das humilhações do mundo (vide nossos campeonatos mundiais em 58, 62 e 70) ou submetê-lo às mesmas humilhações (vide os malogros de 98 e 2014).
 
Chamar o Dunga de volta à Seleção soa como chacota, deboche, desrespeito mesmo ao torcedor/cidadão. Especialmente quando a cantilena da renovação é ventilada aos quatro cantos do país. Renovar o quê? Como? Dunga é mau técnico, e não adianta apelar para números, pois números não entram em campo (Felipão também o é, e não estou falando isso agora, depois do desastre, como covardemente alguns fizeram – falo isso desde sua convocação. Ele pode ser paizão, bom psicólogo de vestiário, carismático e franco, mas nunca foi bom técnico).
 
Agora toma-se a Alemanha como modelo de grande futebol, como em 2010 tomava-se a Espanha. E pensar que ambas as seleções confessaram-se fãs do futebol brasileiro, mas de um futebol brasileiro que deixou de existir, aniquilado que foi pelo pragmatismo burro de Lazaronis, Parreiras, Felipões e Dungas.

 Mas não quero correr o risco de ser injusto. Quando Dunga jogava, eu não nutria grande simpatia por seu estilo de jogo. Naturalmente o comparava a craques da posição de outros tempos, como Clodoaldo, Falcão, Cerezo, Andrade etc. Hoje, olhando para trás, reconheço que foi um jogador muito acima da média, com um bom passe, grande vigor físico, bom desarme e poder de liderança em campo. Confrontado com os Fernandos, Ramires e Hernanes da vida, Dunga quase ganha estatura de craque. Mas considero sua passagem como técnico pela Seleção desastrosa, não importa que tenha ganho títulos ou que seu rendimento tenha sido 70 e tantos por cento. Danem-se os números. Sob seu comando o Brasil jogou um futebol opaco, feio, nunca brilhante. E, por ter sido muito criticado à época do tetracampeonato, tornou-se um sujeito amargurado, rancoroso, revanchista.
 
Já começo a escolher uma nova seleção pra qual torcer enquanto Dunga (e seu rancor) estiver no poder: talvez a Colômbia de James Rodriguez, talvez o Chile de Sánchez, ou quem sabe a simpática Costa Rica de Campbell. Voltarei a torcer para o Brasil quando Dunga estiver longe (e espero que seja muito em breve), e também a quadrilha de Marin e Del Nero e o agente de jogadores Gilmar Rinaldi (outra piada de mau gosto).
 
O Brasil é uma terra de gigantes do futebol, desde sempre. De Leônidas da Silva a Sócrates, de Júnior a Romário, de Zico a Rivelino, de Garrincha a Zito, de Didi a Vavá, de Pepe a Ademir da Guia, de Tostão a Rivaldo, de Garrincha a Nílton Santos, de Leandro a Robinho, de Reinaldo a Neymar. Mas a CBF prefere optar por um anão. Dunga é um anão, e sempre o será, conquiste ele 8 ou 9 Copas do Mundo. Quem é grande não faz esforço para sê-lo.
 
Zeca Baleiro

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Política Esportiva: Carta aberta à presidenta Dilma


Carta aberta à presidenta Dilma
 
POR LINO CASTELLANI FILHO*

Fonte: Blog do Juca Kfouri
http://blogdojuca.uol.com.br/2014/07/carta-aberta-a-presidenta-dilma/

Começo esta carta externando meu respeito a Vossa Excelência, presidenta de meu país, e à sua história de vida. Diferentemente do que possa aparentar estas linhas, estarei votando na senhora nas eleições de outubro próximo, repetindo gesto realizado em 2010.
Não! Não estou satisfeito com todas as decisões tomadas pelo seu governo, mas tenho clareza de ser o PT – Partido ao qual sou filiado desde 1988 -, no atual contexto político brasileiro, aquele capaz de continuar desenvolvendo esforços para minimizar as desigualdades sociais que nos assolam desde sempre…
Poderia aqui continuar seguindo nessa direção, detalhando pari passu os inúmeros equívocos cometidos pelo governo presidido pela senhora, mas não é isso que me proponho fazer aqui e sim me deter em apenas uma das políticas sociais que, a meu juízo, deve ser merecedora de sua especial atenção em seu próximo mandato.
Refiro-me à Política Esportiva.
Faço isso no entendimento de não podermos deixar passar a oportunidade da recente Copa do Mundo de Futebol – e o insucesso de nosso selecionado -, de enfrentarmos de frente as mazelas que afetam essa política setorial não de hoje e nem tampouco a partir de 2003 com a chegada de LULA à presidência do país. Quem as atribui ao governo petista ou age de má fé ou é ignorante da história da política esportiva brasileira.
Também não me limitarei ao futebol, mesmo sabendo ser ele para nós muito mais do que uma questão de vida ou morte… Fato é presidenta, que nesses últimos 12 anos se perdeu rica oportunidade de desenvolvimento de política esportiva que fizesse jus ao nome.
Até que o início em 2003 foi alvissareiro… O Plano Pluri Anual de Governo (2004/07) explicitava equilíbrio orçamentário entre os Programas, reservando lugar de relevo aos projetos sociais esportivos. O documento aprovado pelo Conselho Nacional de Esporte em 2005, autodenominado Política Nacional de Esporte, trazia em seu bojo avanços significativos no entendimento do papel do poder público em relação ao Esporte. As duas primeiras Conferências Nacionais de Esporte, respectivamente intituladas Esporte, Lazer e Desenvolvimento Humano (2004) e Construindo o Sistema Nacional de Esporte e Lazer (2006), davam mostras que o verdadeiramente “novo” estava sendo gestado…
Mas tudo não passou de ilusão… O documento da Política Nacional de Esporte, em sua essência, não chegou a sair do papel. Até hoje frequenta a página virtual do Ministério do Esporte, como que avivando nossa lembrança do que ela poderia ter sido…
O Conselho Nacional de Esporte expressou sua subserviência ao se submeter, docilmente, ao lugar de tabelião das decisões ministeriais, carimbando-as quando solicitado.
As Conferências derramaram um balde de água fria na esperança daqueles que acreditaram que de suas deliberações sairiam o norte da política esportiva. Não só as viram ignoradas como também presenciaram sua terceira versão (2010) ir no sentido contrário a tudo o que até então havia sido motivo de construção coletiva, explicitando o total comprometimento do governo com os anseios do setor conservador do campo esportivo… Plano Decenal do Esporte e Lazer: 10 pontos em 10 anos para projetar o Brasil entre os 10 mais, seu tema central, quase único, refletiu acima de tudo a infeliz coincidência de interesses dos defensores da visão liberal de “cidade empresarial” – para os quais os megaeventos (não só) esportivos eram e são um prato cheio – e os interesses da carcomida “elite esportiva”…
Diante desses fatos, Senhora Presidenta, sugiro a extinção do Ministério do Esporte.
Saiba de antemão que não vai ser fácil fazê-lo, porque contra essa medida se juntarão as forças conservadoras (não só) do campo esportivo brasileiro, nele – assim como também em outras esferas de nossa vida pública – hegemônicas. Sim! Também no interior de nosso Partido encontrará resistência…
Não! Não defendo tal medida por conta do acontecido na recente Copa FIFA aqui realizada. Apenas peço, em contrapartida, que não se deixe enganar pela forma festiva e entusiasmada pela qual ela foi recebida e tratada pelos que aqui estiveram, pois esse crédito precisa ser atribuído a quem de direito, nosso povo.
Defendo sua extinção pelo conjunto da obra…
Vou mais além… Defendo a extinção do Ministério do Esporte por vê-lo como desnecessário em um cenário político que vê no Esporte, não a prática social reconhecida como direito social na letra – infelizmente ignorada – de nossa Carta Constitucional, mas sim como produto/mercadoria altamente rentável, com forte impacto em nosso PIB em razão da força de sua cadeia produtiva.
E não só isso, mas também pela ciência de que seu forte apelo popular é permissionário de ações governamentais centradas no conceito de cidades empresariais, acima já mencionado, articulador dos megaeventos como a Copa do Mundo que acabamos de presenciar e com o qual, com as olimpíadas de verão em futuro próximo, continuaremos a nos deparar, abrindo brechas para fazer de nosso aparato legal de ordenamento da vida nas cidades, tal qual o Estatuto da Cidade se caracteriza, exceção à regra.
Nesse sentido, proponho que a senhora desloque tal política para o, digamos… Ministério dos “Grandes Negócios”. Tenho esperança que assim procedendo, as entidades de administração e prática esportivas deixarão, pelo menos, de ser aquilo em certo momento chamado de “feudos esportivos” voltados à “pequena” política. Já a esperança de que o interesse público prevaleça sobre o privado, dentro da lógica enunciada, não a tenho…
Em relação aos Programas Orçamentários de natureza social, materializados nos comumentemente chamados projetos sociais esportivos, sugiro que os coloque sob a responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Sim, porque penso que se faz necessário acrescentar à cesta do Programa Bolsa Família produtos que venha alimentar a formação humana dos brasileiros, ampliando e qualificando o conceito de inclusão social hoje presente. Afinal os Titãs já cantavam “que a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”…
Nesse particular, estava propenso a sugerir que os recursos do Ministério do Esporte alocados nos seus projetos sociais esportivos fossem canalizados para o de sua “nova casa”, mas ao me lembrar do volume orçamentário a eles destinados ao longo desses anos, entendi por bem me calar por tão irrisórios, insignificantes e desrespeitosos que foram e são.
Resta falar do chamado Esporte Educacional, aquele presente nas instituições de educação brasileiras. Desculpe-me a obviedade do que aqui defendo, mas entendo que deva caber a elas, instituições de educação básica e superior, estabelecerem políticas definidoras de como o Esporte – seja na ótica do conhecimento, na de rendimento/performance ou na perspectiva de fruição no tempo livre de trabalho -, deva compartilhar de seus objetivos institucionais. Com esse proceder, minimizaríamos o risco de ver a presença do Esporte nessas instituições submetida aos objetivos da instituição esportiva e não aos delas, configurativo do quadro exaustivamente denunciado do Esporte Na Escola e não do almejado Esporte Da Escola.
Ao me despedir, sei que a Senhora ficaria satisfeita se os problemas que terá que continuar a enfrentar se limitassem ao terreno aqui enunciado. Sei da envergadura dos desafios que enfrenta e continuará enfrentando na condição de presidenta do Brasil. Peço apenas que não descure destes aqui relatado.
Respeitosamente
*Lino Castellani Filho, do “Observatório do Esporte”.

terça-feira, 8 de julho de 2014

SERÁ QUE A FIFA VAI SE VINGAR DO BRASIL?

Desmascarar a Fifa, o maior legado da Copa no Brasil

Juca Kfouri

A prisão no Copacabana Palace de Raymond Whelan, diretor da Match, o braço da Fifa para venda de ingressos, é mais um dos gols que a polícia brasileira faz nesta velha prática da transnacional do futebol e um legado inestimável nesta Copa brasileira.

Se já não bastassem todos os escândalos recentes que mancharam indelevelmente a imagem da Fifa, a implosão de seu esquema de câmbio negro — que, posso afirmar sem nenhuma dúvida, funciona, no mínimo, desde 1998, na França, com ramificações, inclusive, nos “terceirizados” da CBF, que funcionam da mesma maneira –, fere definitivamente a instituição.

Whelan, que tem fortes relações com a cúpula do COL, certamente é apenas mais um testa de ferro dos poderosos e quanto mais fundo a polícia for mais gente graduada encontrará.

Não nos esqueçamos que um sobrinho de Joseph Blatter está ligado, de uma forma ou de outra, à Match.

Se a Fifa se vingará em campo do Brasil com seus apitadores dissimulados e seus apitos amestrados é algo que deveremos observar atentamente já a partir de amanhã.

Como será interessante observar se a rede montada pelo cartola brasileiro docemente exilado pelo mundo afora também será desbaratada.

Aí, será uma goleada, a revanche justa para tantos “pontapés no traseiro brasileiro”.

Importante: a Match estava em contato com o Rio-16 para o projeto de hospitalidade da Olimpíada.

Uma das empresas investigadas pela polícia, a Jet Set Sports, parceira da Match, é também parceira da Tamoyo Turismo, há muitos anos “a agência do olimpismo brasileiro”.

No Pan-2007, no Rio, ainda sob o nome de Byron, não Match como a empresa passou a ser chamada, essa mesma turma prestou seus serviços de hospitalidade.