quinta-feira, 16 de junho de 2016

UNBTV DIÁLOGOS: DIREITO AO ESPORTE

Há alguns dias, meu amigo Professor Dr. Pedro Fernando Avalone Athayde da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília me convidou para participar do Programa Diálogos da UnB. Esse programa consiste em um bate-papo entre dois especialistas de uma determinada área ou tema.

Apesar de telinha não ser um espaço no qual me sinta a vontade, devido a pouca familiaridade, topei o desafio. Feito em uma tomada só, conversamos sobre o Direito ao Esporte, passeando a respeito do marco constitucional, do esporte enquanto necessidade humana e da política pública como garantidora dessas necessidade e do esporte enquanto mercadoria e os megaeventos como expressão dessa relação mercantilizada.

Também debatemos sobre alguns elementos garantidores do esporte como direito, passando pelo marco legal, infraestrutura, manutenção, gestão, programação, formação de trabalhadores de esporte e lazer, controle social e democrático, intersetorialidade e a necessidade da configuração de um Sistema Nacional de Esporte. 

Terminei minha fala lendo umas palavras do texto intitulado "Futebol" do grande Eduardo Galeano, retiradas do livro "Futebol ao Sol e Sombra"

Espero termos dado uma pequena e inicial contribuição ao debate sobre o Direito ao Esporte.



O FUTEBOL

A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever.
Ao mesmo tempo em que o esporte se tornou indústria,
foi desterrando a beleza que nasce da alegria
de jogar só pelo prazer de jogar.
Neste mundo do fim de século,
o futebol profissional condena o que é inútil,
e é inútil o que não é rentável.
Ninguém ganha nada com essa loucura 
que faz com que o homem seja menino por um momento,
jogando como o menino que brinca com o balão de gás
e como o gato brinca com o novelo de lã:
bailarino que dança com uma bola leve 
como o balão que sobe ao ar
e o novelo que roda, jogando sem saber que joga,
sem motivo, sem relógio e sem juiz.
O jogo se transformou em espetáculo,
com poucos protagonistas 
e muitos espectadores, futebol para olhar,
e o espetáculo se transformou
num dos negócios mais lucrativos do mundo,
que não é organizado para ser jogado,
mas para impedir que se jogue.
A tecnocracia do esporte profissional foi impondo
um futebol de pura velocidade e muita força,
que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia.
Por sorte ainda aparece nos campos,
embora muito de vez em quando, 
algum atrevido que sai do roteiro 
e comete o disparate de driblar o time adversário inteirinho,
além do juiz e do público das arquibancadas,
pelo puro prazer do corpo que se lança
na proibida aventurada liberdade.

                                      (Eduardo Galeano)

                               Futebol ao Sol e Sombra

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